sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

ASAS DA POESIA: Professores e artistas levam poesia para a salas de aula


*Por Brenda Gomes

Umas das mais antigas artes, a poesia aparece para contar a história da humanidade desde os primórdios. O texto ritmado que embalava o coração dos trovadores e despertava o interesse dos intelectuais com o decorrer do tempo tomou outros rumos, deixando de ser um texto exclusivo para estudiosos.

Hoje é comum encontrara o tipo literário nas salas de aula, na boca de pequenos poetas nem sempre com o mesmo romantismo dos trovadores, mas com tons de rimas divertidas ou até mesmo protesto, afim de inseri-los em necessidades sociais e  aumentar o interesse pela leitura e escrita.

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Além de recital grupo tem desenvolvido oficinas de poesia e interpretação com os alunos. Foto Reprodução

Criado a partir de um grupo de amigos que pretendiam tornar suas vivências e assuntos quais achavam interessantes em poesias, o grupo recital Ágape, criado no bairro de Sussuarana em Salvador, tem levado a poesia para alunos de escolas públicas e privadas.

O coletivo que hoje conta com 12 integrantes e iniciou suas apresentações nas igrejas do bairro e no Sarau da Onça, evento que reúne outros poetas e artistas, lançou no último mês de dezembro  sua primeira antologia poética intitulada “A poesia cria asas”, que tem sido o carro chefe das apresentações do grupo.

De acordo com Evanilson Alves, um dos poetas do coletivo, o grupo fundado o em 2011,  tem como proposta despertar pensamento crítico na conduta social dos alunos a partir da arte. “Por nossos textos serem feitos a partir de uma linguagem fácil  e bem próxima a juventude, e também por sermos jovens entendemos que as mensagem de conscientização chegam mais rápido para os alunos”, afirma.

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Em dezembro grupo lançou o antologia poética “A Poesia Cria Asas” que é o carro chefe das apresentações. Foto Reprodução

Além das apresentações nas escolas o Ágape desenvolve oficinas de poesia e interpretação em instituições da rede pública e privada, atividades que de acordo com o poeta são capazes de auxiliar o rendimento escolar e deixar os alunos conectados com temas de interesse público de forma lúdica e de fácil acesso. “Com a produção dos poemas e poesias, ou mesmo com a leitura, os admiradores dessa arte, ampliam o conhecimento sobre diversos temas, melhoram sua escrita e assimilam melhor as matérias.Nossos versos falam do  cotidiano, sobre assuntos pertinentes da nossa sociedade, sobretudo sobre as questões raciais, desigualdade social, família, política, educação, valorização da mulher e identidade”, conta.

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As poesias do grupo passeiam entre questões sociais e de identidade cultural. Foto Reprodução

Para o historiador e poeta Alan Félix a poesia precisa ser utilizada como ferramenta educacional mas não adianta ser utilizada esporadicamente, por um ou dois professores, e sim como uma aliada constante na formação dos alunos. “Eu acredito nesse processo de mudança  pela palavra, até porque foi a partir de uma professora minha que despertei para a leitura. Ainda existe um pouco de resistência dos alunos, porque é um momento de leitura e de interpretação e é algo eles não estão acostumados, mas que pode e deve ser contornado”, conta.

Alan, que é professor na rede estadual de ensino, aponta também a importância do papel do professor em aproximar as publicações ao cotidiano dos alunos, afim de estes se sintam atraídos pela leitura e pela vontade de produzir. “Não dá para despertar interesse em todos, já que a gente sabe que o problema da rede pública é muito maior, mas se nós educadores criarmos estratégias, saíndo dos clássicos, procurando escritos e até músicas que sejam próximos a realidade deles, é possível fazer sim. O que não podemos é continuar com a a estrutura piloto e livro, quando a gente pode fazer muito mais e melhor”, finaliza.

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